fatal 4

quinta-feira, novembro 08, 2012

Sinto-me constantemente a girar em torno do mesmo anel e os enjoos são já tantos que as paragens ainda custam mais. Não tenho estofo para viver estes intervalos de memória onde não sabias mais quem eu era e todos me podiam amar. A verdade é nua e crua. Hoje sou o rasto queimado e flagrante duma mulher que desprezei e, lamento. Lamento ser uma anedota para todos aqueles que nalgum lugar te acarinharam no ombro ou te fingiram dar a mão. O frio que me mata vem de dentro e pouco ou nada se acalma com o calor de um segundo corpo. O álcool não tem mais o mesmo efeito e até o amor deixou de ser suficiente para me relaxar o tecido muscular, cardíaco. Fomos feitos um para o outro, sim, e tu voltaste. Voltaste para me dizer que me ias roubar parcialmente com uma verdade; que te tinhas arriscado na sorte que outros não quiseram; que só tinhas contigo a sinceridade de um arrependimento e um bouquet de rosas murchas à procura de uma rara antiga àgua -a minha- e assim o fiz. De cabeça baixa servi-lhe uma jarra que até hoje se aguenta. A realidade é que ultimamente são tantos os momentos descontraídos como os desesperados e, apesar de me agarrares no pulso, a paisagem, não interessa por onde me leves, gela-me brutalmente as extremidades. Beleza de morte. Felicidade injusta. Perdoar-te é aceitável, perdoar-me é então o mais difícil dos passos. Eu quero-te a ti, como sempre quis, mas vai haver sempre uma pontada de ironia que jamais será compreendida, a arrefecer-me na transparência solitária de todas estas noites.

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