primeiro

sábado, abril 23, 2011


Existem os primeiros e existem os outros. Os que não têm nome. Os que deixam de ser valorizados com o afunilar do tempo e o vincar da experiência. Às vezes volto àquela casa, onde tantas vezes te vi chegar. Ao inadequado que era estarmos os dois sentados no chão da rua, com tanto para conversar. Ou à brusquidão dos dias de chuva em que me embrulhavas na parede amarela na esperança que nenhum dos dois se constipasse. Tenho saudades desse teu olhar tão erradamente deslumbrado e da pequena mulher que me fazia. Chegava para nós próprios. Contávamos apenas connosco e estávamos bem assim. Queríamos um beijo, apenas um beijo e formalizávamos de imediato as coisas com a estupidez de uma primeira vez. Éramos felizes. Meu Deus, como eras feliz! Lembro-me de dobrar a própria vida em quatro e guardá-la para mais tarde a planear contigo. Alucinámos juntos e perdemo-nos nos braços um do outro. Vivemos tudo à flôr da virgindade da pele de miúdos que ainda nos envolvia e ainda bem que assim foi. Só me arrependo de não te ter dado uma despedida digna de um primeiro amor.

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