pequenina

domingo, fevereiro 06, 2011

Já lá vão 3 anos, desde que ela o sentiu. E ela sempre o sentiu. Sentir sempre foi a melhor maneira de ela o explicar. Dizia sentir de diferentes formas e maneiras: com o tremer dos joelhos, o arrepio que lhe percorria espinha, o bater tão fraco (mas como se sentia forte) do coração, sempre que o olhava; ou com os seus olhos pequeninos, que faziam um tremendo esforço para se abrirem, sempre que o escutava. E ela bem que o escutava. Fosse o que fosse, custasse o que custasse, ela sempre o escutava. Passavam-se meses, e ela continuava a dizer que o sentia, em todo o movimento dela. O mundo começava a desconfiar, mas eu sabia-o. Sabia-o porque ela me dizia baixinho, sempre que suspirava sem ninguém a ver. Sabia-o porque ela me dizia baixinho, sempre que chegava a casa e chorava por ele. Sabia-o porque a fiquei a ver a contempla-lo de alto a baixo, sem deixar escapar um pormenor, literalmente. E ele de tão bonito que lhe era, tornava-se difícil de decorar. Depois ela encostava-se a ele. Era pequenina e ele parecia querer esconde-la nos seus braços. E ela amava-o. Meu deus, como ela o amava. E com o passar do tempo, ela foi-me dizendo baixinho o quanto gostava dele, e que tinha de o esquecer. Mas ela não se esquecia de me dizer.
O tempo não parou, e ela ainda o amava. Passado meses de ela contrariar, ele bem sabia que ela o amava. Ele sabia, mas ela nunca lho disse. Podia dar a entender, aos tropeções com a língua, mas nunca lho disse em voz alta e clara. Nunca se declarou a ele. Dizia que de tão perfeito, era impossível. E ela bem que tentou ser suficiente boa para ele, mesmo com as imperfeições que ela tinha. As coisas foram acontecendo, e ela perdendo a coragem. Foi assim, que ela abandonou o lugar na vida dele, deixando-o a alguém mais capaz, com mais valor.
Os anos foram passando e a pequenina cresceu. E eu vejo a força que ela tem quando caminha mesmo ao lado dele. Ela ainda o sente. Eu sei-o. Sei-o porque ela ainda me diz baixinho sempre que os joelhos voltam a tremer. Sei-o porque ainda vejo o esforço nos olhos pequeninos dela, sempre que o escuta. E ele também o sabe, quando ela lhe vira a cara e sorri. Ele sabe que ela pode passar pelas mãos de muita gente, mas ninguém, excepto ele, a fará sentir.

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